É tudo ao contrário. Não tem sol nem calor nem mais de um milhão de pessoas circulando nas ruas do centro do Recife. O desfile é à noite. Tem menos trio-elétricos e carros alegóricos. Teve até atraso de duas horas para os famosos clarins tocarem. Mais uma coisa não muda: seja em que hora ou dia for, o Galo da Madrugada anima qualquer folião. Foi assim na noite desta quinta-feira (7) com a tradicional prévia do clube de máscaras, quando o desfile é feito em um percurso inverso ao original, que ocorre mesmo neste sábado (9), bem cedinho, com concentração a partir das 6h.

Antes de a festa começar, muita gente aproveitou para admirar e tirar fotos do galo gigante, erguido nesta quinta, na Ponte Duarte Coelho. A escultura tem 27 metros e pesa três toneladas. Este ano, a roupa traz estampas africanas para lembrar o percussionista Naná Vasconcelos. O boneco também carrega no peito uma câmera fotográfica em memória do fotógrafo Alcir Lacerda. Ambos os pernambucanos são homenageados do carnaval recifense.

Áurea d'Carla saiu de Paulista, município vizinho, com o marido Carlos Marinho e as filhas Vikitória,12 anos, e Valentina, 1, para curtir o desfile e aproveitou para conhecer também a escultura. "O galo está muito lindo, adorei a máquina pendurada. Há pelo menos quatro anos que a gente brinca nessa prévia, que é boa pois não tem muito tumulto, é mais tranquilo. Como Valentina ainda é pequena, vamos ver se dá para sair no dia mesmo, talvez a gente fique na concentração", comentou.

O desfile da agremiação vai contar com quatro carros alegóricos, todos inspirados no Rio São Francisco, homenageado deste ano. Dois já puderam ser vistos esta noite, representando a usina hidrelétrica de Paulo Afonso, os pescadores e agricultores do Velho Chico, além da embarcação Benjamim Guimarães, único barco a vapor em atividade no mundo. "O Galo ao contrário serve mais como um ensaio para nós. É mais cômodo que de manhã, mas não se compara com a quantidade de gente do dia para valer, que a animação ainda é maior", disse Maurício Oliveira, vestido de agricultor para compor uma das alegorias.

Há 15 anos, o clube de máscaras desfila ao contrário, com concentração na Avenida Guararapes, no bairro de Santo Antônio, onde o desfile termina no dia original. Às 21h30, ele começou a seguir pela Avenida Dantas Barreto, com encerramento na Rua da Concórdia, em frente à sede do Galo, em uma festa que deve passar da meia-noite, facilmente.

Duas freviocas e três trios elétricos têm a missão de animar o público. Muitas crianças brincaram fantasiadas ao lados dos pais. Tinha gente também conferindo a festa pelas sacadas dos prédios. A professora Giselda Gadelha tinha um motivo especial para estar na folia com o marido Pedro Batista, mesmo tendo que acordar cedo no dia seguinte. "Sábado [9], no Galo, nos vamos comemorar 25 anos de casados. Caiu certinho, pois amamos carnaval e já estamos celebrando há pelo menos três semanas", contou.